Para esta investigação foram utilizados dados dos registos oncológicos de 20 países europeus – Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Eslovénia, França, Grécia, Islândia, Itália, Irlanda, Letónia, Holanda, Noruega, Polónia, Portugal, Espanha (Catalunha), Reino Unido, República Checa, Suécia e Suíça – através dos quais se analisaram tendências nas taxas de incidência de jovens adultos com cancro colorretal (CCR) na Europa ao longo dos últimos 25 anos. Para o cancro do cólon, as taxas de incidência aumentaram em 1,5% ao ano entre 1990 e 2008 e, mais substancialmente, em 7,4% anualmente entre 2008 e 2016. Para o cancro do reto, a taxa de incidência aumentou em 1,8% ao ano entre 1990 e 2016.
Em adultos com idades compreendidas entre os 40 e 49 anos, a incidência global de CCR aumentou em 1,4% a cada ano, desde 2005.
A Dr.ª Fanny Vuik refere que “estamos a par das investigações na população da América do Norte que demonstra que o CCR está a aumentar nos jovens adultos. Na Europa, contudo, a informação até agora disponível era limitada e é preocupante verificar-se as taxas surpreendentes de aumento de CCR entre os jovens”.
Tradicionalmente considerada uma doença que afeta pessoas acima dos 50 anos, o CCR é o segundo cancro mais comum na Europa, com aproximadamente 500 mil novos casos todos os anos e com taxas de incidência mais elevadas nos homens do que nas mulheres. Estudos revelaram que o CCR com início precoce é frequentemente mais agressivo e mais provável de ser diagnosticado numa fase mais avançada do que o CCR nas populações mais velhas.
“A causa para essa tendência ascendente é ainda desconhecida, embora possa estar relacionada com estilos de vida cada vez mais sedentários, com a obesidade e com dietas alimentares menos variadas, tudo fatores de risco conhecidos do CCR”, explicou a Dr.ª Fanny Vuik. “O aumento da consciencialização e mais investigação para elucidar as causas para esta tendência são necessárias e podem ajudar a elaborar estratégias de screening para prevenir e detetar esses cancros num estádio precoce e curável”.
Fortes evidências indicam que o screening para o CCR reduz as taxas de incidência e de mortalidade, apesar de muitos programas de screening para CCR na Europa começarem aos 50-55 anos de idade.
Desigualdades no tipo de screening oferecido, bem como nas taxas de participação e deteção estão presentes ao longo de todo o continente. “O aumento mais alto de incidência foi encontrado em adultos entre os 20 e 29 anos de idade. Por esse motivo, identificar esses jovens adultos com risco elevado de CCR é essencial para assegurar um diagnóstico precoce e um outcome ótimo para os doentes”, concluiu a Dr.ª Fanny Vuik.